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Nesta terça-feira (12), a Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, coordenada pelas Juízas do Trabalho Maria Zuíla Dutra e Vanilza Malcher, estiveram reunidas com acadêmicos da Universidade da Amazônia (Unama), para apresentar o projeto “Acadêmico-Padrinho Cidadão” e chamá-los a participar. Na ocasião, alguns acadêmicos já adiantaram sobre a forma como poderiam ajudar e colocaram-se à disposição do projeto.
As magistradas apresentaram um panorama da situação do trabalho infantil no Estado do Pará e chamaram a atenção para a responsabilidade de todos perante o problema, destacando que no Pará 223 mil crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estão trabalhando, o que representa 55% dos casos da região Norte. “O Pará está em primeiro lugar na região e o que nós podemos fazer? Eu sou responsável e todos nós somos responsáveis por esta situação”, disse Zuíla Dutra.
Entre os presentes estava a acadêmica do 3º semestre do Curso de Direito, Camila Alves. Ela contou que veio de uma realidade em que via frequentemente o trabalho de crianças e adolescentes e, ao participar de uma palestra sobre trabalho infantil, sentiu-se sensibilizada a agir. "Vi uma oportunidade de ajudar (...). Percebo que existem crianças que faltam aula porque precisam vender bombom no sinal e, com o projeto, eu pude saber por onde começar a ajudar, ou seja, procurar um espaço em que possa ajudá-los a sair da rua, mas continuar ativamente com algo que ele goste, como música ou outras atividades”, declarou. A estudante já conseguiu o espaço em duas paróquias para reunir um grupo de jovens e desenvolver atividades pelo Projeto, agora está em busca de seus afilhados.
A reunião serviu também como momento de juntar padrinhos e afilhados. O poeta Edgar Macedo, apesar de não ser acadêmico, já é voluntário do projeto e se disponibilizou a realizar atividades de incentivo à leitura com os estudantes da Escola Marilda Nunes, localizada no bairro do Bengui. A diretora da escola estava participando do encontro para conhecer o projeto e ficou muito satisfeita por ter conseguido um padrinho para seus alunos. “Achei excelente o projeto porque, como sabemos, trabalhamos com alunos da periferia, carentes e que precisam de auxílio. E a minha preocupação é essa, ajudá-los a ter oportunidades melhores. Somos do ensino fundamental 2, temos no 6º ao 9º ano, e vejo ali rapazes e moças que precisam ter um caminho. Muitas meninas engravidam e os meninos entram por outros caminhos, e isso preocupa todos nós. Achei o projeto maravilhoso, melhor ainda porque já arrumei um padrinho”, declarou Ivanete Figueiredo, Diretora da Escola Marilda Nunes.
Para Edgar Macedo esta é uma oportunidade de contribuir com a sociedade. “A minha poesia trabalha para isso, para o bem-estar das pessoas e me sinto muito bem em participar. Minha proposta é estimular a leitura nas crianças, neste momento em que a gente percebe que, pela instantaneidade das comunicações, eles exercitam pouco a leitura. A gente vai entrar para estimular, pegar este campo fértil da idade deles, dos sonhos que eles têm, e vamos tentar ajudar passando um pouco do que a gente sabe”, declarou.
Voltado para estudantes de escolas públicas, o projeto visa dar auxílio através dos padrinhos, seja com atividades lúdicas, aulas, esportes, ou qualquer ação que possa ocupar o tempo deste jovem de forma produtiva, retirando-os das ruas. Na ocasião, a Juíza Vanilza Malcher destacou que o projeto está aberto a todas as pessoas que queiram aderir e que o potencial de ser padrinho é imenso. “São infinitas as possibilidades. É muito lindo você poder se doar, faz um bem imenso e não tem recompensa. Por isso, convidamos vocês a estar neste projeto conosco”, declarou aos presentes.
Veja fotos da reunião aqui.