Belém 400 anos: Rua do Norte, a primeira rua de Belém

— Foto: ASCOM8

 

Como forma de homenagear os 400 anos da cidade de Belém, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região criou o projeto "Belém Tem!", que programou a elaboração de matérias que contem um pouco sobre essa cidade e seus principais logradouros, para que seus moradores possam conhecer curiosidades locais​.

​Este mês é a vez de falarmos sobre a primeira rua de Belém. Você sabe qual É?​ 

Localizada no bairro da Cidade Velha, o mais antigo d​a cidade, a primeira rua d​e ​Belém foi construída no século XVII, logo após a construção do Forte de Santo Cristo, chamado de Forte do Presépio ou do Castelo. Inicialmente denominada Rua do Norte, seguia toda a margem da Baía do Guajará, ​indo ​do Forte até onde iniciava a floresta bruta, onde hoje se localiza a Igreja Nossa Senhora do Carmo. Atualmente a rua denomina-se Siqueira Mendes, em homenagem ao ex-presidente da província, o sacerdote Manuel José de Siqueira Mendes.
Durante um tempo, houve divergências sobre qual seria a primeira rua de Belém, pois alguns historiadores consideravam a Rua da Ladeira, localizada ao lado do Forte do Presépio, interligando a Praça da Sé ​à​ Feira do Açaí, como sendo este marco. De acordo com a Profª. Maria Goretti Tavares, Doutora em Geografia, a rua da Ladeira foi o primeiro caminho aberto, mas não foi considerado oficialmente como rua.

Quando surgiu, a Rua do Norte tinha uma função residencial e comercial. Com o passar dos anos esta ocupação foi se modificando, caracterizando-se atualmente ​como​ predominantemente comercial, com portos, clubes, bares e lojas que comercializam peças e motores para embarcações. A Profª. Maria Goretti, que coordena o Projeto Roteiros Geo-turísticos da Faculdade de Geografia da UFPA,  ​onde conduz grupos destacando as especificidades históricas de locais da cidade, ​destaca a permanência da relação da rua com o rio, “seja através da contemplação, pelos bares que l​á estão; seja pela circulação de pessoas e cargas, pelos portos das empresas de circulação fluvial e comerciais que lá se encontram”.

No decorrer dos anos, a maioria das edificações coloniais localizadas nesta via foram derrubadas ou modificadas, gerando muitas perdas arquitetônicas. Porém, ainda hoje é possível identificar algumas construções importantes, como a​s​ Sede​s​ Náutica​s​ do Clube do Remo​ e da Tuna Luso Brasileira​, a Casa Rosada, o Sobrado da Fábrica Soberana Hilário Ferreira & Companhia LTDA e a Igreja Nossa Senhora do Carmo.

Conheça mais sobre algumas das principais edificações

A Casa Rosada, localizada na Rua Siqueira Mendes nº 61, esquina com a Rua Félix Rocque, ​tem projeto atribuíd​o ​ao arquiteto bolonhês Antônio Landi e possui características da arquitetura dos séculos XVIII e XIX. De acordo com a Profª Maria Goretti, as linhas arquitetônicas exteriores permanecem praticamente inalteradas. “Os traços arquitetônicos da Casa Rosada também têm se revelado importante fonte sobre o passado da cidade. O estilo simétrico e regular remete ao estilo neoclássico, muito utilizado por intelectuais do século XVIII, quando a Casa foi edificada. Os estilos e os elementos decorativos são muito semelhantes aos que Landi utilizou na Catedral da Sé e nas Igrejas de Santana e de São João”, afirma.

Construída com o intuito de servir como um típico sobrado residencial, a Casa Rosada teria sido residência do capitão engenheiro Mateus José Simões de Carvalho. Após servir de residência para várias famílias e como depósito, o espaço passou por uma restauração coordenada pelo Fórum Landi e financiada pela empresa Alubar.

A Igreja Nossa Senhora do Carmo foi construída nos primeiros anos do Século XVII e se preserva no interior da sua capela uma ​importante ​coleção de Arte Sacra. Sede dos Carmelitas do Pará​,​ foi fundada em 1626, tendo passado por uma reconstrução em torno de 1760, realizada por Antônio Landi. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2013 passou por nova restauração, entregue em março de 2015, na qual foram recuperados pisos, forros, pinturas, púlpitos, retábulos laterais e retábulo-mor, cobertura, sistema de calhas e condutores, rufos e a fachada de pedra.