Neste mês de julho, quando se comemoram os 26 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil do TRT8 também comemora o desdobramento do projeto Acadêmico Padrinho-Cidadão em mais uma ação efetiva: o 'Projeto Escola Modelo'.
A ideia do projeto é servir de modelo de atividade solidária e voluntária no âmbito das escolas públicas e, por conseguinte, ter reflexos positivos nas família e em toda a sociedade, com alunos ocupados em atividades úteis e menos expostos a situações de risco e violência.
A Escola Estadual Antônio Godim Lins está sendo a primeira a desenvolver o projeto Escola Modelo. A ação vem estimulando tanto os envolvidos que, nestas férias de julho, professores, alunos e voluntários reuniram-se para, usando produtos de doações, pintar a escola, iniciar a horta e seguir com outras melhorias sonhadas coletivamente. Uma das novas ilustrações nas paredes é uma tabela periódica bem colorida e já sonham em cobrir a quadra com garrafas pet.
A estudante de 17 anos, Paola Potiguar, que cursa o 3º ano, destaca o que mais chamou sua atenção. "O projeto é muito bom, estamos criando um espaço muito mais interessante para todos. Essas pinturas dão um ar muito mais jovem, além de auxiliar no ensino. Acho muito legal estarmos todos aqui nas férias, pois é muito difícil, ainda mais nas férias, um aluno vir a escola para trabalhar. É uma forma de mostrar que o projeto já começou a dar certo, porque muitas pessoas poderiam estar em casa, sem fazer nada, ou então fazendo coisas ruins, mas não, estamos aqui.”
Wanessa Nascimento, acadêmica do curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau e integrante do Projeto 'Acadêmico Padrinho-Cidadão', conta que já participou de outras campanhas, mas viu no projeto do TRT8 a chance de poder ajudar um número maior de crianças. "A ideia principal era acolher quatro ou cinco alunos dentro da minha casa para fazer cursos 'on line'. Só que eu vi que, dentro de casa, a gente possui pouca capacidade; então, pensei que deveria abrir um espaço maior e que poderia ser uma escola pública. Eu já estudei nessa escola. Lembrei que aqui tinha muito espaço e poucas atividades, por isso achamos uma boa oportunidade de começar por lá."
Com o apoio de diretores, professores e alunos, inúmeras atividades de diferentes áreas serão implantadas, ao longo do ano 2016, visando à qualificação profissional, educacional e cultural dos alunos. Medidas como reforço escolar, criação de hortas orgânicas, grupos teatrais, musicais, oficinas, dentre outras já fazem parte do planejamento para 2016.
Para a Juíza do Trabalho Vanilza Malcher, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil do TRT8, o projeto 'Escola Modelo' é uma resposta ao que foi levantado junto a 226 mil alunos de escolas públicas durante o período de dezembro de 2014 a dezembro de 2015. “Ficou claro que os alunos queriam uma escola melhor e estamos respondendo, na prática, o que é uma escola melhor. Uma escola que não se limita apenas a uma sala de aula, mas que ocupa todo seu espaço e que traz a família para dentro desse ambiente, para participar deste grande projeto que eles estão construindo conosco", explica.
O envolvimento entre instituições, sociedade e família é motivo de grande satisfação para a Justiça do Trabalho, uma vez que é possível ver, na prática, a compreensão e execução do art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê: "É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária".
Mudando a realidade da educação
A professora de química, Silvana Ramalho, vê uma grande oportunidade de transformar o espaço da escola em um lugar de aprendizado. "Esse projeto é uma luz no nosso caminho. Sou muito grata a todos os envolvidos. Depois que ele chegou, fomos iluminados e estamos trabalhando para conseguir algo melhor. Ele não veio para somar e sim multiplicar em mil. É uma satisfação muito grande fazer parte dessa equipe e poder proporcionar aos nossos alunos um lugar melhor dentro da escola", comemora a educadora.
Outra professora envolvida no projeto é Carmem Cravo, que leciona Biologia. "Olha, pode até parecer estranho, você nas férias ter um professor trabalhando, mas estar trabalhando no que estamos fazendo é muito bom. Ver a alegria estampada no rosto deles, fazendo o trabalho com muito carinho e vontade. Eu, sinceramente, não saberia explicar, pois eu estou me sentindo muito feliz", relata a professora.
Lorena Ramos, conta o quanto está satisfeita. "Houve uma grande melhora, pois estamos no mês de julho todos aqui, né? Vejo pessoas que antes não estavam na escola e agora estão começando a participar e se interessando muito. Já fiz 8 cursos oferecidos pelo 'Acadêmico Padrinho-Cidadão'. Eles estão nos ajudando a ter uma visão melhor, se preparar melhor, para quando terminarmos nossos estudos, ver que caminho seguir", explicou a jovem.
Wallace Júnior, de 15 anos, cursa o 2º ano do ensino médio e já fez 14 cursos oferecidos pelo 'Acadêmico Padrinho-Cidadão' e, por conta disso, conseguiu uma vaga de Aprendiz em uma empresa parceira do projeto do TRT8. Para ele, que é afilhado de Wanessa, é um prazer fazer parte de um projeto que vem mudando não somente a forma dos alunos enxergarem a escola, mas também a sua vida. "Meu conhecimento cresceu muito com esses cursos que eu fiz. Me sinto feliz de estar participando desse projeto e ver que ele está crescendo e ajudando pessoas. Antes, eram apenas dois professores, agora são mais. Acabou decolando. Espero que os que estão chegando agora sejam bem recebidos e contribuam para a melhoria da escola".
Fazer curso a distância pode ser um problema, mas para Carlos Kalebe, de 16 anos e estudante do segundo ano, é uma oportunidade única. "Achei muito bacana os cursos em todos os sentidos. Já fiz outros cursos e muitas coisas que eu não sabia estou aprendendo com eles. Eu pensava que o ensino a distância não ia ser tão bacana, mas me enganei.“ conta o rapaz que agradece também o apoio da mãe.
Se você também se interessou pelo projeto e quer saber mais, entre em contato pelo e-mail da Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região: combateaotrabalhoinfantil@trt8.jus.br.
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