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Atendendo a convite do TJE-PA, o Desembargador do Trabalho, Walter Roberto Paro, gestor regional do Programa Trabalho Seguro, do CSJT, participou na manhã da terça-feira (30), do lançamento do Projeto Constelação Familiar, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. Coordenado pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos – NUPEMEC, o projeto é pioneiro e o tribunal paraense é o primeiro do Brasil a institucionalizar a utilização desta metodologia para auxiliar na resolução dos conflitos que chegam até o Judiciário.
Integrando a mesa de abertura do evento, o Desembargador. que também possui formação de constelador familiar, destacou a coragem de levar adiante este projeto e parabenizou pela iniciativa implantada pelo tribunal paraense. Ressaltou ainda a importância da participação de todos os atores do processo neste projeto, não apenas dos magistrados, mas também dos advogados e promotores. “Esta é mais uma ferramenta que vem auxiliar na resolução real dos conflitos. É importante que todos estejam envolvidos e desejo um grande sucesso neste projeto”, declarou.
Conforme destacou a Desembargadora Dahil Paraense, Coordenadora do NUPEMEC, o projeto foi apresentado e referendado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inicialmente está sendo implantado na 2ª e 4ª Varas de Família de Belém, onde tramitam processos envolvendo guarda de filhos, pensão alimentícia, divórcio, entre outras. “O objetivo é buscar a resolução dos conflitos de forma definitiva. Acreditamos muito nessa ferramenta porque vemos que muitas vezes os conflitos não são resolvidos através de uma sentença. Se dá a sentença, resolve-se uma situação momentânea, mas fica a mágoa, o ódio. Acreditamos que, com essa ferramenta, podemos trabalhar esses conflitos e as partes ficam empoderadas para resolverem seus problemas”, ressaltou.
O lançamento do projeto contou com a palestra da médica e terapeuta Marly Azevedo, que abordou o tema “A importância da constelação familiar no meio jurídico”. A aplicação desta metodologia psicoterapêutica no judiciário brasileiro teve início através do Juiz Sami Storch, do Tribunal de Justiça da Bahia, e a partir daí começou a se difundir no Brasil. A metodologia tem como fundador o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.
Uma das voluntárias na execução do projeto dentro do TJ-PA é a Oficiala de Justiça Carmem Sisnando, que tem uma relação profunda com a metodologia. Seu primeiro contato ocorreu para resolver conflitos pessoais, e, a partir daí, observando sua vivência no trabalho, quando ia entregar intimações, percebeu que em muitas situações havia amor interrompido, mágoa e traição, e viu que a metodologia poderia ajudar. A partir dessa constatação, buscou a formação, se aprofundou em estudos fora do Brasil, e hoje a aplicação da constelação familiar é tema de sua tese de doutoramento na Universidade de Lisboa.
Para ela, o principal benefício para as partes de um processo na aplicação da constelação familiar, é reduzir a carga emocional colocada em cima de um fato jurídico. “Você coloca expectativa demais num fato jurídico, que, com certeza, não vai solucionar suas questões. Então, vamos trabalhar para que as pessoas resolvam emocionalmente seus conflitos e olhem para o jurídico de forma direta, seca e sem esse floreado emocional”, afirma.
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