Projetos para o agronegócio na região marcam o evento “Trabalho Seguro e o Agronegócio na Amazônia”

— Foto: ASCOM8

 

O TRT8 promoveu na segunda-feira​ (28)​, em parceria com o Governo do Estado​ do Pará​, o ciclo de palestras com o tema “Trabalho Seguro e o Agronegócio na Amazônia”. O evento​,​ que começou às 08h30 e terminou ​às 13h00​,​ abordou assuntos como os programas do Governo do Estado do Pará na área rural, as cadeias de negócio do cacau​,​ da palma e do açaí, o agronegócio no Pará, e o trabalho do ​"​peconheiro​", como é chamado o apanhador de açaí​. Entre os inscritos estavam magistrados, servidores, advogados​, ​sindicalistas, trabalhadores rurais, representantes de empresas e ​estudantes.

O evento iniciou com a palestra de Adnan Demachki, Secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, que apresentou o programa “Pará 2030”​,​ plano estratégico ​do Pará ​que busca desenvolver 14 cadeias econômicas prioritárias para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas estão: agregar valor ao nome “Amazônia”,  gerar uma economia dinâmica, alavancar a produção de minerais, promover incentivos fiscais para empresas que optem por se instalarem no estado, regularização e licenciamento ambiental​,​ além da regularização fundiária.

A​dnan​ afirmou que o “Pará 2030” irá nortear a economia paraense durante os próximos 15 anos. “Um projeto que foi concebido pelo estado com a participação do setor produtivo, das universidades, da sociedade civil organizada e com o apoio da M​cKinsey. Foi lançado pelo Governador há 90 dias atrás e​,​ desde então​,​ nós passamos a implementá-lo. O objetivo é que a gente possa crescer nos próximos 15 anos em média​,​ por ano​,​ algo em torno de 5%, enfim, é um planejamento”, comentou.

Após a palestra ocorreu o painel “Cacau, Palma e Açaí: Cadeias de Negócio e Desenvolvimento”​,​ ​com a mediação do Desembargador do Trabalho e coordenador regional do Programa Trabalho Seguro, Walter Paro​. Presentes no painel, o presidente da ABRAPALMA​, Marcelo Brito, e o Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca ​do Pará ​e Presidente da FUNCACAU, Hildegardo Nunes.

Nesse painel foi debatido as possibilidades de crescimento no cultivo do cacau, da palma e do açaí no estado, pois o Pará é o maior produtor de óleo de palma, de açaí “in natura” e de cacau do Brasil.  A meta era que o Pará se tornasse o maior produtor de cacau em 2023, mas​,​ com a queda de produção do estado da Bahia este ano, o estado conseguiu assumir a liderança nacional da produção do Cacau​ já em 2016​. O objetivo é plantar 220 mil hectares de cacaueiros​,​ sendo 200 mil no ecossistema de terra-firme e 20 mil no ecossistema de várzea. É na área da Transamazônica que se concentra 70% da produção de cacau do estado e​,​ em média​,​ é produzido 900 Kg da fruta por hectare.

Em seguida houve a palestra “Trabalho Seguro - Trabalhador Rural: Um Retrato do Peconheiro”​, que contou com as falas do  Des. Walter Paro e de João Meireles, representando o Instituto Peabiru. A pesquisa sobre a situação de trabalho dos extrativistas do açaí, os ​"​peconheiros​"​, foi financiada pelo Programa Trabalho Seguro e realizada pelo Instituto Peabiru​,​ juntamente com a Fundacentro.

João Meireles destaca a importância da pesquisa para o estudo do modo de trabalho dessa categoria. “É um conjunto de dados para provocar uma discussão e mostrar que é preciso maior normatização, maior diálogo para construir uma legislação específica para esse tipo de atividade​,​ que hoje envolve mais de 120 mil profissionais, ou seja, envolve a vida de mais de 500 mil pessoas”, comentou. Ele ainda destaca o fato de que todos os ​"​peconheiros​"​ trabalham na informalidade. “O principal dado é que 100% dos ​"​peconheiros​"​ trabalham na informalidade, são todas relações ​contratuais ​de boca, informais. O açaí chega para as indústrias e aos batedores sem uma informação de como foi produzido, então a gente precisa dar mais transparência a esse processo”, afirmou.

O evento finalizou com o painel “O Pará e o agronegócio como paradigma e desenvolvimento” que teve como painelistas Daniel Menezes, da Organização Internacional do Trabalho, Raimundo Junior, Diretor da FETAGRI e também o Des. Walter Paro. Daniel Menezes comentou sobre importância de se falar sobre o trabalhador rural em eventos como esse. “O trabalhador rural no Brasil sempre foi muito negligenciado pela legislação e pelo poder público. O Brasil tem uma proteção trabalhista reconhecida internacionalmente do trabalhador, mas do trabalhador urbano. Com as mudanças sociais não tem como se deixar de fora a discussão política, técnica da proteção e da regulamentação  do trabalho rural, seja ele do pequeno trabalhador rural envolvido na agricultura familiar​,​ como também no que nós chamamos Complexo Agro-Industrial, produção voltada para cadeias produtivas industriais”, afirmou Daniel.

O evento faz parte de um ciclo de palestras sobre o Trabalho Seguro que já contou com palestras voltadas para a área da saúde do trabalhador e que​,​ nesse evento​,​ focou no trabalhador rural. O Desembargador do Trabalho Walter Paro, Coordenador Regional do programa​,​ destaca o que deve ser feito no futuro. “Uma série de outros eventos abordando também o meio ambiente de trabalho. Futuramente teremos também a presença de sindicalistas​,​ onde nós pretendemos fazer uma abordagem com todos eles ​acerca ​das dificuldades​ encontradas​. É abrir as portas  da Justiça do Trabalho, sejam eles trabalhadores ou empresários​, para que​ possam vir aqui ​apresentar ​quais são seus planejamentos, quais são seus problemas​,​ de modo que a gente possa, de uma forma harmônica, auxiliar esse processo de construção”, comentou.

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