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Se te pedissem agora para falar sobre quem é você, o que responderia?
Muitos afirmariam logo a profissão que exercem e/ou algumas características ligadas ao gênero, idade, naturalidade e laços familiares. Para além de características que te conectam com grupos sociais (que também fazem parte dessa definição), o que mais você falaria de si, de sua identidade?
Autoconhecimento é um caminho que percorremos durante nossa vida, na tentativa de desvendarmos os mistérios do mundo interior, uma caminhada em que os horizontes estão sempre se estendendo, sem final delimitado. É um constante processo de auto-observação, autoeducação e autoaceitação, permitindo uma melhor realização de atividades, reflexão sobre relacionamentos pessoais e desenvolvimento de carreira.
Qual a importância então? Por que mesmo buscar o autoconhecimento?
Se não nos conhecermos intimamente não saberemos nossas preferências, desejos, características que facilitam nossa convivência com outros e aquelas que dificultam, motivações de determinados comportamentos, origem de alguns sentimentos. Sem conhecermos esses aspectos na essência, como iremos nos conduzir no trabalho e no meio social? Como direcionaremos a vida ou mudaremos determinados contextos, se não temos autocontrole do que sentimos e fazemos?
Não somos ensinados ou estimulados a conhecer a vida interna, que é cheia de potencialidades, recursos e caminhos. Assim cedemos, às vezes sem perceber, a ideias estabelecidas pela sociedade, correndo o risco de perder nossa identidade existencial. Fomos condicionados a viver na periferia de nós mesmos, e podemos pagar alto preço por isso: não colocar limites e barreiras à invasão do outro ao meu “eu”.
Um passo importante é estar consciente dos pensamentos, sentimentos e ações no momento em que ocorrem, sem julgamentos ou valoração, apenas entrando em contato com o que sente no instante que você se dá conta. Estar mais consciente do mundo interno precisa de atenção não reativa e não julgadora, é um modo neutro de permanecer que mantém a autorreflexividade e permite o desenvolvimento do autocontrole emocional. Todo sentimento gera comportamento, por isso que devemos ter claro para nós o que originou determinada atitude, para que possamos desenvolver autocontrole evitando arrependimentos e situações não desejadas.
Há necessidade de um grande comprometimento pessoal nesse movimento de exploração do mundo interno, pois às vezes nos deparamos com aspectos que são de difícil aceitação, as sombras existentes nos locais mais profundos e doloridos do nosso ser, demandando uma ajuda profissional nesse caminhar.
Essa prática, o autoconhecimento, gera inteireza do ser, impactando na saúde física, mental e emocional. Um indivíduo conectado consigo sabe olhar-se fora de si, sem julgamentos, mas com contemplamento. Busca-se, assim, modificar aquilo que está causando sofrimento em si e no outro, possibilita assumir responsabilidades pelas escolhas que faz, que poderão ser menos impulsivas, mais conscientes e harmônicas. Gera relações saudáveis de convivência, seja com os outros ou consigo próprio, pois à medida que eu me conheço dou um passo a mais na direção de aceitação da experiência do outro.
“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda." (Carl Gustav Jung)
Por Úrsula Custódio Gomes - psicóloga TRT8