No segundo mês de homenagem aos 400 anos de Belém, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região escolheu a Praça Batista Campos para apresentar. Esta, que foi eleita como a praça mais bonita do Brasil, faz parte da paisagem da cidade há 112 anos, e é frequentada diariamente por pessoas de todas as idades, seja para a prática de exercícios físicos, como para um agradável passeio. Admirada por adultos e crianças, a Batista Campos, como todos a conhecem, foi escolhida para representar todas as praças da cidade.
Com cerca de 3.000 m², ela é composta por jardins, coretos, pontes, lagos, árvores nativas, garças, passarinhos e as tradicionais barraquinhas de venda de água de coco. Sua história tem início no século XIX, quando o terreno, inicialmente pertencente a Maria Manoela de Figueira e Salvaterra, após sua morte, passou para a Câmara Municipal de Belém, sendo denominada “Praça Sergipe”, em homenagem à nova província brasileira.
Foi em 1897, no governo de Antônio Lemos, que a praça passou a se chamar Batista Campos, homenageando um dos principais líderes da Cabanagem. Inaugurada oficialmente em 14 de fevereiro de 1904, após ser redesenhada e reconstruída em 1901, a praça foi tombada pelo município de Belém em 1983. Em 1986, na administração do então prefeito Coutinho Jorge, sofreu uma ampla reforma com projeto idealizado pelo arquiteto Paulo Chaves, então Secretário de Urbanismo da Prefeitura de Belém.
Conforme recorda Rose Jorge, esposa do ex-prefeito Coutinho Jorge, o trabalho realizado foi minucioso, exigiu pesquisa e durou um ano para ser entregue. “A praça estava deteriorada, com os lagos secos e rachados, e o coreto sem suas características originais. Os cisnes que compõe o coreto já não existiam mais. A equipe do Paulo Chaves fez toda uma pesquisa, inclusive foram até Paris, pois toda a concepção da praça é francesa, do período da Belle Époque. Trouxeram de lá as plantas originais da praça, para realizar a reforma. Recordo que foi inaugurada no final do segundo mandato de Coutinho Jorge, em 1987”, declarou.
No mesmo ano de entrega da praça, foi criada a Associação de Amigos da Praça Batista Campos, que até hoje ajuda a preservá-la. Rose Jorge recorda que este foi um movimento da população residente nos arredores das praças para cuidar dos logradouros, que ocorreu não só na Batista Campos. Atualmente, a praça permanece preservada e todos os anos, tradicionalmente, recebe iluminação e decoração especial para o período do Círio de Nazaré e do Natal, sendo uma digna representante das praças que existem na cidade de Belém.
Conheça quem foi Batista Campos
O Cônego João Batista Gonçalves Campos, popularmente conhecido como Batista Campos, foi um importante ativista política na história paraense, tendo sido o principal mentor do Movimento da Cabanagem, que durou de 1835 a 1840. Este que foi um movimento de cunho popular, teve como objetivo ir contra a elite política da época e teve sua culminância com a tomada do Palácio do Governo de Belém, em 1835.
Nascido em 1782, na Vila do Acará, em Barcarena, Batista Campos foi jornalista, advogado e ordenado sacerdote pela Igreja Católica em 1805. Na administração pública, foi vice-presidente do Conselho do Governo da Província do Grão Pará e fez parte da Junta Provisória do Governo, no período de 18 de agosto de 1823 a 30 de abril de 1824. Em 1834, fugido da repressão da elite portuguesa de Belém, Batista Campos faleceu após uma infecção originada de um corte provocado ao fazer a barba.