Conbrascom 2016 inicia com debate sobre comunicação e transformação social

— Foto: ASCOM8

 

Nesta quinta-feira (16), Belém do Pará sediou a abertura do XII Congresso Brasileiro de Assessores de Comunicação da Justiça – Conbrascom 2016, reunindo assessores de comunicação dos diversos órgãos que integram o Sistema de Justiça no Brasil, além de estudantes da área, para debater o tema central “Comunicação Pública como Instrumento para Transformação Social”. Organizado pelo Fórum Nacional de Comunicação e Justiça (FNCJ), o evento recebeu apoio para organização local do Tribunal Regional do Trabalho da 8a Região, entre outros órgãos, e reuniu mais de 150 participantes.

Durante a abertura, o Presidente do FNCJ, Vanderley Ricken agradeceu o trabalho da organização na montagem da programação, destacou a importância deste debate no momento de crise vivido atualmente pelo país e a relevância da comunicação do sistema de justiça dentro desse contexto. O Presidente do TRT8, Desembargador Sérgio Rocha, participou da abertura e ressaltou a necessidade de, neste momento, se trabalhar mecanismos para passar à sociedade o que são os órgãos do poder judiciário, como atuam e a importância de seu papel. “Hoje vivemos um momento onde se discute em todas as esquinas os rumos do país. O judiciário não pode se colocar fora deste debate, ao contrário, temos que nos inserir e o papel da comunicação reflete isso. Cabe a todos da comunicação o papel de mostrar isso. Sabemos que o rumo de tudo depende de como a história é e será contada, e é neste sentido que os abraçamos para que possamos construir mecanismo de atuação e intervenção”, declarou.

Participaram da mesa de abertura ainda o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho e Conselheiro do CNJ, Lélio Bentes; a Presidente do TRT1, Desembargadora Graça Paranhos; o Procurador Chefe do Ministério Público do Trabalho da 8a Região, Hideraldo Machado; o Presidente da Amatra8, Juiz do Trabalho Pedro Tourinho Tupinambá; e  o Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, que na ocasião destacou o momento extraordinário de ter um Fórum como este acontecendo na Amazônia.
No primeiro painel da programação, estiveram reunidos o Ministro Lélio Bentes e o Diretor da Associação Brasileira das Agências de Comunicação – ABRACOM, Vitor Fortes, onde abordaram o tema “Comunicação Pública e Transformação Social”. Em sua explanação o Ministro Lélio Bentes, que possuiu uma atuação voltada para os direitos humanos, chamou a atenção para alguns pontos relacionados a era da comunicação e o direito, e como unir os dois campos em prol da transformação social. “No exercício de nossas funções, se queremos promover transformações sociais , temos que pensar nos mais pobres, nos que não têm acesso. Se vermos que nossa ação irá refletir positivamente em sua vida, estamos no caminho certo. No mundo hoje, segundo a OIT, 168 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil e 21 milhões de homens, mulheres e crianças são vítimas de trabalho escravo, sendo esta a terceira atividade ilícita mais rentável em todo o planeta. Estas são as pessoas que aguardam uma atuação correta e transformadora”, exemplificou.

Conforme destacou, a união da comunicação e do direito para promover a transformação social deve desconstruir conceitos e chamou a atenção para o cuidado que se deve ter nesta comunicação, pois ela pode reafirmar conceitos e preconceitos. “Mediante o exercício do direito à informação, os senhores cumprem a tarefa de promover a transparência do poder judiciário, mas não só informar a sociedade, mas também o contrário, informar aos juízes da reação do que efetivamente se passa na sociedade, como impacto de sua atuação e as críticas”, afirmou. Defendeu ainda a interlocução e abertura cada vez maior do judiciário para a sociedade, com a promoção de conscientização sobre direitos e, neste sentido, citou diversos exemplos, entre os quais o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo TRT8 na conscientização sobre o trabalho infantil e estímulo à aprendizagem, gerando mudança na mentalidade da sociedade e do empresariado local.

Complementando a fala do Ministro, Vitor Fortes falou sobre comunicação pública, o que vêm sendo desenvolvido e destacou que “a lógica desta comunicação é gerar reflexões que a mídia comum não gera” e defendeu que neste sentido é preciso que os órgãos mobilizem os formadores de opinião para que sejam multiplicadores das informações geradas pelas instituições.

Crise de Estado e Estado de Crise

Prosseguindo a programação do primeiro dia do evento, os jornalistas Fábio Gusmão, João José Forni e Luiz Augusto Pereira apresentaram ao público reflexões relacionadas ao tema “Crise de Estado e Estado de Crise: comunicação, gestão e desafios organizacionais”. Contextualizando com momentos de crise ocorridos no país, foi apresentado exemplos de atuação da imprensa nestes momentos, como a experiência do Jornal Extra do Rio de Janeiro, na cobertura dos atentados ocorridos em 2010 e das manifestações de junho de 2013. Fábio Gusmão, que atua no jornal, apresentou como utilizaram ferramentas digitais para atuar durante estes momentos, como o Twitter e o Whatsapp, garantindo a melhor informação ao público do jornal. Sobre a atuação nestes momentos de crise, deixa uma dica: “Crise não espera, você tem que ser eficiente em pouco tempo e uma dica é, nunca minta”.

Abordando o contexto da crise para quem atua na área pública, João José Forni destacou a importância de estar preparado para este momento, para atuar na comunicação e orientar os gestores. “As crises não acontecem por fatalidade. Cada dia é uma crise estourando nas manchetes e nós da comunicação temos um papel muito importante, pois atuamos em uma área que é o bombeiro da crise”, destacou. Ressaltou que nos momentos de crise grave, o que a sociedade espera é segurança, e a comunicação tem o papel de fazer este meio de campo. “A comunicação tem que incomodar os dirigentes. Se não incomoda, não está funcionando. Pois ela incomoda para tirar da zona de conforto, trabalhando para que as coisas sejam transparentes”, afirmou. 

O jornalista Luiz Augusto Pereira finalizou o painel dando algumas dicas de como a comunicação pode agir e se fortalecer nestes momentos de crise, destacando que é fundamental o processo de decisão da gestão de investir em comunicação. Para os que atuam na comunicação apontou que é importante: usar a criatividade, decidir se aperfeiçoar sempre, buscar novos conhecimentos, orientar seus assessorados sobre o relacionamento com a imprensa e sua atuação nas redes sociais, ter um comunicação planejada de forma integrada e buscar o fortalecimento da comunicação interpessoal. 

Oficinas e cases

No primeiro dia do Congresso, foram realizadas as oficinas Social Media Gov, com o economista e empreendedor público, André Tamura; e Media Training para Multiplicadores, com as jornalistas Dione Tiago e Isabelle Câmara. O objetivo foi apresentar ferramentas de como atuar nos momentos de crise, buscando fortalecer a comunicação da instituição. 

Finalizando a programação da quinta-feira, os participantes assistiram aos cases dos 40 projetos finalistas ao Prêmio de Comunicação e Justiça, e puderam votar para a escolha dos vencedores das 14 categorias. A programação segue nesta sexta-feira (17), no Hotel Princesa Louçã, em Belém, com reuniões setoriais, e debates sobre novas mídias e direitos humanos.

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