Lúcia Alvares começa 'carreira solo', após 30 anos de TRT8

— Foto: ASCOM8

 

Para quem não sabe, por mera coincidência, ou destino, no Dia do Servidor Público Aposentado, 17 de junho, Maria Lúcia Miranda Alvares entrou para o grupo de inativos da Justiça do Trabalho. Com 30 anos de serviços prestados à 8ª Região Trabalhista, a Analista Judiciária/Área Judiciária entrou oficialmente para o rol de aposentados.

A data foi esperada e programada não só pela servidora​,​ como pela família.

Responsável, competente e comprometida com o serviço público, Lúcia, apesar de bastante reservada, aceitou dar esta entrevista à Central de Notícias e contar um pouco de sua trajetória. Gratidão, respeito e reconhecimento são algumas das lições que podemos receber dessa colega. Coisas que só quem é Nossa Gente pode dar!

ASCOM: Lúcia, ​nos conte ​ da tua carreira no TRT. Quando você entrou? Quantos anos tinha? O motivo da tua escolha profissional.

Lúcia: Ingressei nos quadros do Tribunal em 23 de março de 1986, com 24 anos. Tinha acabado de me formar em Direito e procurava profissões ligadas à área jurídica, de preferência no âmbito do Poder Judiciário. Não tinha uma visão crítica, na época, sobre a administração judiciária trabalhista, pois a intenção era me estabelecer profissionalmente no mercado de trabalho.

ASCOM: Por quais setores você passou?

Lúcia: A minha primeira lotação foi na Quarta Vara do Trabalho de Belém, então presidida pelo saudoso Juiz Raimundo das Chagas. Como gostava de cálculos, fiquei ajudando e aprendendo com os colegas Alexandre Moraes Rego, Raimundo Nonato, D. Alzira, Ivani. Fui muito bem recebida. Depois, fui lotada no Serviço de Pessoal, onde trabalhei por muito tempo sob o comando da Yoshié Ichiara, grande profissional que me orientou e conduziu ao conhecimento dos meandros da burocracia estatal, ponto de partida para sedimentar o meu fascínio pelo Direito Administrativo, com foco nos direitos e deveres do servidor público.

Do Serviço de Pessoal passei para a Diretoria ​- Geral, na condição de Assistente do Diretor Geral, à época comandada por Salamir Tércio Nogueira de Brito, onde trabalhei com Lúcia Costa, excelente profissional e amiga. Em seguida, sob a Presidência do Dr. Itair Silva, assumi o cargo de Diretora do Serviço de Desenvolvimento de Recursos Humanos, período em que trabalhei arduamente junto com Lúcia Machado, que me indicou para o cargo quando assumiu a Secretaria de Recursos Humanos, recém instalada. Foi um período de aprendizado muito intenso junto com a Lúcia Machado até chegar à Assessora Jurídico-Administrativa, cujo cargo assumi, a convite da então Presidente Marilda Coelho, com a aposentadoria de Maria da Graça Meira Abnader, profissional que muito me influenciou na estética e construção dos pareceres jurídicos.

Fiquei na Assessoria Jurídico-Administrativa por muitos anos, passando pela presidência dos Desembargadores Haroldo da Gama Alves, Vicente José Malheiros da Fonseca, Georgenor de Sousa Franco Filho, Rosita de Nazaré Sindrim Nassar, José Edilsimo Eliziário Bentes, Francisca Oliveira Formigosa, José Maria Quadros de Alencar e Odete de Almeida Alves. Saí da Assessoria por um breve período para ser Diretora da então Secretaria de Auditoria e Controle Interno. Também tive o prazer de trabalhar com Nilze Sampaio, na Educação a Distancia, com quem aprendi muito também. Hoje estou saindo do Tribunal lotada da Coordenadoria de Auditoria e Controle Interno, onde trabalho com pessoas queridas e muito competentes.

ASCOM: O que te marcou nesses anos?

Lúcia: Parafraseando o saudoso Dr. Ary Brandão de Oliveira, que uma vez me disse que a Justiça do Trabalho exerce uma fascínio sobre nós, que dela não nos conseguimos afastar, acredito que os 30 anos de Justiça foram um marco da minha história profissional, ponto de partida para construção do que chamo de carreira solo.

ASCOM: Você se preparou para esse novo m​omento da vida? O que te motivou a aposentar?

Lúcia: Com certeza. Era um momento esperado. Planejei minha aposentadoria. Me considero uma estudiosa do Direito Administrativo e a pretensão é manter essa dedicação em nível de pesquisa e elaboração de trabalhos doutrinários. Muito a trabalhar em um momento em que vivemos para construção do que chamamos de princípio de uma boa Administração Pública.

ASCOM: Você é uma referências ​no TRT. Como foi lidar com tantas responsabilidades?

Lúcia: Agradeço a referência, fico feliz com esse reconhecimento. É sempre bom sabermos que o nosso trabalho teve, de alguma forma, uma repercussão positiva. É, como diz o meu pai, Pedro Veriano, quando fazemos o que gostamos de fazer as responsabilidades parecem prazerosas. Mas para assumir as funções exercidas, tive que abrir mão de muitos fins de semana e madrugadas. Mas foi prazeroso. Aprendi muito.

ASCOM: Como a ​s​ua família lidou com ​s​ua profissão e a expectativa pela  aposentadoria?

Lúcia: Os meus filhos têm aversão à minha profissão. Minha irmã, que é Psicóloga, disse que eu os traumatizei com excesso de trabalho (rsrs). Mas eles me respeitam muito e estão felizes com nova etapa da minha vida. Sabem que a mãe vai continuar trabalhando, mas em ritmo saudável.

ASCOM: Atualmente, muitos colegas​ estão optando pela aposentadoria. A Justiça do Trabalho vai receber um número significativo de novos servidores. Qual a lição de vida ou recado que você daria a eles?

Lúcia: Eu tenho uma frase, extraída de um filme com a Leila Diniz e o Paulo José - Todas as Mulheres do Mundo -, que considero uma lição para todos que estão ingressando em uma nova etapa da vida e para a própria vida. Costumo recitar essa frase principalmente em cursos de ingresso no serviço público porque SER SERVIDOR é ter consciência de seu papel de SERVIR e, a meu ver, somente se pode BEM SERVIR com amor pelo que se faz. Eis a frase: "Em cada momento de sua vida, dê ao seu próximo​ o maior e o melhor de seu amor e ternura, porque ninguém nunca passará duas vezes pelo mesmo caminho."

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