
Aproveitando a aposentadoria, o colega Mauro Wilkens, que conquistou respeito e admiração de muitos ao longo de sua jornada no TRT8, compartilhou na entrevista abaixo um pouco da experiência de vida na JT8.
Mauro Wilkens, chegou ao TRT8 ainda na década de 80, como contratado celetista com a missão de implantar o uso da informática na Justiça do Trabalho da 8ª Região. Entre os desafios da época, ele enfrentou a resistência à mudança e a falta de orçamento do TRT. Para se ter uma ideia, os primeiros computadores foram adquiridos de ‘segunda mão’ e o tribunal deixou até de comprar carros para fazer tais aquisições.
Hoje, com a realidade do PJe e Proad, é até difícil pensar que um dia tudo parecia ser impossível. Mauro teve outros méritos, além de atuar na SETIN, Mauro também atuou na área administrativa e, antes da aposentadoria, estava lotado na Divisão de Gestão e Fiscalização de Contratos.
O que você fazia antes de entrar no TRT8?
Ao ingressar na faculdade de engenharia elétrica, em 1978, cursei no primeiro semestre a matéria ICC - introdução à ciência da computação e foi o início desta fascinação pela computação. Fiz um curso da linguagem RPG na IBM do Brasil e iniciei a carreira de programador em agosto de 78, na então Belauto, sendo interrompida em 85, quando ingressei na Marinha, no quadro complementar de engenheiro naval, pedindo a baixa em 86 e retornando para carreira de informática.
Em 1987, prestei concurso público para o cargo de analista de sistema no TRT 8 e ingressei em 8 de dezembro de 87, na Gestão do Presidente Juiz Arthur Francisco Seixas dos Anjos, com o objetivo de implantar a folha de pagamento. Na época, minha equipe foi formada com Haydn Pinto (programador), Marinete Monteiro (digitadora) e Alonso Sacramento (operador de computador).
Quando você entrou na Justiça, qual eram tuas expectativas?
Já tinha passado por duas experiências de iniciar a informática em uma empresa, na Belauto e na Assembleia Legislativa do Pará, todos os dois lugares coordenados pelo Sr. Eugenio Pessoa, meu amigo pessoal e quem primeiro acreditou no meu trabalho. Então, o TRT8 já seria a terceira empresa pela qual estaria dando início ao conceito de processamento de dados (à época) a automação dos serviços. Minha expectativa era a de implantar, com sucesso, a informática no TRT8.
Você implantou a informática no TRT8. Como foi?
A Informática (CPD) foi criada em 1987, com objetivo de atender as atividades administrativas do TRT8, iniciando com a Folha de Pagamento, em 1988. Os seguintes pontos que considero mais marcantes da Gestão dos Presidentes foram:
- Na Gestão da Presidente Juíza Lygia Simão Luiz Oliveira, tomou a iniciativa de dispor os recursos da informatização na área judiciária, implantando a tomada de reclamação centralizada e primeira fase das secretarias de varas de Belém.
- Na Presidência do Juiz Rider Nogueira de Brito, foi dado continuidade no sistema APT e implantou-se a editoração de textos na elaboração dos acórdãos e as varas fora da sede.
- Na Gestão da Presidência do Juiz Itair Sá da Silva, implantou-se a distribuição dos feitos do segundo grau e a informatização dos gabinetes dos Desembargadores e Varas do Trabalho.
- Na Gestão da Presidente Juíza Marilda Wanderley Coelho, implantamos a internet e os e-mails.
- Na Gestão do Presidente Juiz Haroldo da Gama Alves, foi dada continuidade na implantação dos microcomputadores, e, já no primeiro ano do seu mandato, pedi a exoneração da Direção da Diretoria de Informática.
As maiores dificuldades foram:
- Criar a cultura da informática no Órgão e dar credibilidade às informações e procedimentos informatizados.
- Propor soluções que estivessem adequadas ao quadro de recursos humanos da informática do TRT8, e, ao mesmo tempo, manter o crescimento dos recursos oferecidos à comunidade.
- Formação e treinamento do uso das novas tecnologias.
- Trabalhar as reações a mudanças e a novas formas e metodologias de trabalho.
- Tentar minimizar o impacto de trabalho da equipe, muito exigida, a qual devo meu eterno agradecimento pelo engajamento e responsabilidade que tiveram com nossos projetos.
Onde você já trabalhou no TRT?
Trabalhei no Serviço de Processamento de Dados; no Serviço de Pagamento de Pessoal; Secretaria de Tecnologia de Informação; Controle Interno; Divisão de Gestão e Fiscalização de Contratos.
Conte-nos algumas das histórias vividas no TRT.
Entre as que mais me marcaram poderia lembrar:
Ser ameaçado de prisão por um Juiz Presidente de Vara devido o Sistema não ter suspendido um reclamante conforme sua determinação.
Abrir relatórios de folha de pagamento sobre a mesa da Diretora da Secretaria Administrativa procurando erros no limite para o fechamento dos relatórios contábeis e de envio para banco.
Ouvir comentários graciosos do Diretor de Material e Patrimônio, quando fiz o processo de aquisição do primeiro mainframe (computador de médio/grande porte) do tribunal, já que o mesmo poderia ser um equipamento usado.
Ter que pedir ao programador vir ao Tribunal realizar suas tarefas somente às 3 horas da manhã, para não deixar indisponível o acesso aos sistemas a fim de que magistrado pudesse ficar trabalhando normalmente no horário noturno.
Tentar entender a justificativa da Presidência em não adquirir um software de produtividade para o desenvolvimento de sistema, a fim de atender a necessidade de aquisição de máquinas de escrever e calculadoras, para as Juntas do Trabalho. Entretanto, no ano seguinte, o TRT8 deixou de comprar carros para a frota para poder adquirir os computadores necessários para a automação da tomada de reclamação.
Qual o balanço que você faz desse período vivido no TRT?
Garanto que trabalhei durante todo esse tempo visando às necessidades do órgão TRT8 e procurando, dentro do possível, diminuir as dificuldades na realização das tarefas diárias realizadas pelos servidores e magistrados. Considero que os desafios e, sobretudo, confiança depositada no meu trabalho, me deram força para manter o foco e executar minhas obrigações, ajudando, inclusive, meus colegas de trabalho.
Como foi a decisão de se aposentar?
Vários fatores contribuíram para a decisão de aposentar, entretanto, as alterações previstas, na reforma da previdência, foram o ponto principal em minha decisão.
Você deixa um legado de amizades no TRT8 em diversos setores, não só na área de informática. O que isso representa pra você?
Fiz poucos amigos e muitas amizades, todas conquistadas e cultivadas diariamente e, representa a conquista da atenção, carinho e preocupação que nos dedicamos a trocar.
Como tua família conviveu com o Mauro servidor, que atuou em vários projetos importantes do TRT, assumiu cargos de chefia e teve que dedicar muito do seu tempo à Justiça? E como eles receberam a tua decisão de aposentar?
Acho que sacrifiquei bastante a família e sempre oriento meus colegas a não fazerem o mesmo. Eles foram solidários à minha decisão de aposentar.
E o futuro, qual tua expectativa?
Ainda não sei o que me espera, os planos previstos estão dinamicamente sendo mudados, mas gostaria de continuar a contribuir, a ser útil à sociedade.
Leia, agora, alguns depoimentos dos colegas do TRT8:
“Trabalhamos muito tempo e desenvolvemos diversos projetos juntos. Mauro faz falta em qualquer equipe. Ele é muito experiente, aprendi muito com ele. Quando cheguei aqui no TRT ele era diretor da informática e pediu pra gente trabalhar num projeto de interligação do interior à capital e outros projetos na área de infraestrutura, desenvolvimento de software. Mauro tem conhecimento tanto na área de infraestrutura, desenvolvimento, planejamento. Excelente pessoa!”, José Roberto Cordovil Lima, o Bob da SETIN.
“A meu ver o Mauro é uma das grandes pessoas e uma das mais importantes da área administrativa. Ele fez rodar o que tá rodando hoje aí. Fez o básico e depois implementou as melhorias dentro das possibilidades, até orçamentárias, do tribunal. Então, temos que agradecer, sem dúvida. Como colega é fora de série”, João Jorge Lima – COAPP.
“Em auditoria, quando ele foi pra lá, houve praticamente uma revolução, porque a auditoria precisava de uma pessoa que conhecesse informática e isso agregou grande valor pra gente, além de ser uma pessoa muito legal, gentil, cortês, camarada, amigo”, Marilson Oliveira da Silva.