Única ​VT de Belém exclusivamente em PJe completa dois anos

— Foto: ASCOM8

 

Última vara do trabalho a ser instalada na 8ª Região, a 17ª Vara do Trabalho de Belém completou​,​ no último dia 18, dois anos de instalação. A vara foi criada pela Lei nº 16.659, e​,​ assim como as demais vara​s​ de Belém, possui jurisdição também nos municípios de Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras, Santa Cruz do Arari, Salvaterra e Soure. Seu diferencial é ser a única vara do trabalho ​de Belém ​atuando ​exclusivamente em PJe (Processo Judicial Eletrônico).

Para o Juiz Titular da 17ª VT de Belém, Carlos Rodrigues Zahlouth Júnior, que atua na Justiça do Trabalho desde 1993, o PJe trouxe total transparência ao processo, além de estar disponível aos juízes, servidores, advogados e partes, 24 horas por dia, em todos os dias do ano. “O PJe​,​ sem dúvida​,​ é uma reinvenção do Judiciário que obriga e exige participação conjunta. Como bem já resumiu o Conselho Nacional de Justiça: segurança, transparência, rapidez, economia e ampliação do acesso ao Poder Judiciário, são algumas das principais vantagens do Processo Judicial Eletrônico”, afirma.

Na data de sua instalação, 18/02/2013, ocorreu o primeiro ajuizamento de processo na vara. O processo de nº 0010000-10.2013.5.08.0017, tendo como reclamado o supermercado Amazônia LTDA., teve sua audiência realizada em 25/03/2013 e encerrou em conciliação entre as partes. Com o cumprimento do acordo, o processo foi devidamente arquivado em 15/04/2013.

Em seu primeiro ano de funcionamento a vara recebeu 1.882 processos, ​subindo para 1.958 em 2014. Nes​se período, para o magistrado, dois processos foram marcantes: um relacionado a trabalho infantil e outro envolvendo acidente de trabalho.

No primeiro processo citado, relembra que o adolescente de 16 anos postulava vínculo empregatício com uma oficina mecânica. “Ao depor, o adolescente informou que trabalhava desde os 12 anos, pois o pai era doente. Os genitores do reclamante vieram à audiência e​,​ ao final da instrução, não me contive e chamei a atenção dos pais. Na sentença, reconheci o vínculo e comuniquei ao Ministério Público Estadual”, relata. Nes​se caso, o magistrado sugeriu ao Ministério Público que medidas educativas fossem impostas aos pais, ao invés de punição.

Após a decisão, ressalta que “o pai foi reabilitado pelo INSS e hoje se encontra empregado. O adolescente atualmente trabalha em um ambiente saudável como aprendiz e voltou a estudar. No final de 2014 recebi a visita do adolescente, muito agradecido, que me informou que pretende fazer o Curso de Direito”.

No segundo processo, que envolvia o falecimento de um trabalhador por acidente de trabalho, que possuía duas famílias, tendo deixado dois filhos de sua esposa e um filho fora do casamento. Recorda que as audiências foram conturbadas, mas que​,​ ao final​,​ se conseguiu realizar um bom acordo, no valor de 90 mil reais, dividido em 30 mil para cada filho, além de se sacar o FGTS. “Como a companheira mais antiga já estava com outro e os advogados me informaram que ela insuflava​​. Temendo que o dinheiro não fosse usado em benefício das crianças, conseguimos que parte do valor fosse depositado em poupança às crianças​,​ que só vão poder movimentar quando completarem 18 anos ou surgindo algum fato novo, por ordem judicial”, ressaltou.

Neste período a frente da vara, o magistrado​, ​juntamente com sua equipe​,​ desenvolveu a remessa eletrônica de Cartas Precatórias ​a outras varas da Região que também atuam com o PJe, e criou um local de apoio aos advogados e partes, para esclarecer e contornar as dificuldades com o sistema PJe. Para ele, os servidores da Justiça do Trabalho possuem dois diferenciais importantes: são qualificados e comprometidos com a Justiça. Recorda que​,​ por um ano, trabalharam com apenas seis servidores e com uma demanda surpreendente e que “somente com a dedicação e o apoio foi possível se fazer um trabalho digno e gratificante. Nosso maior patrimônio é a nossa gente​"​.